terça-feira, 29 de novembro de 2016

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: O que a Igreja tem a ver com isso?

Dia 25 de Novembro é o Dia Internacional Dedicado a Não Violência contra as Mulheres.  A Igreja do Pinheiro esteve mais uma vez num ato público denunciando esse pecado estrutural que tem matado 16 mulheres por dia em Alagoas, no Brasil e em toda América Latina.
Mas, o que a Igreja tem a ver com isso? Depois das últimas pesquisas divulgadas que acusam que 40% das mulheres vítimas de violência doméstica no Brasil são EVANGÉLICAS não é possível mais que as igrejas se isentem da culpa e da luta.
As Igrejas evangélicas, formadas em sua maioria por mulheres tem um duplo potencial no contexto de uma cultura machista violenta: Podem ser aliadas das mulheres na sua luta pela dignidade e direito à vida ou podem ser aliadas da cultura machista que mata. Sim! Não existe neutralidade. Se há omissão de igrejas que dizem não ter nada a ver com isso, e, portanto, esse não é um assunto para se importar, tal omissão está somando para fortalecer o machismo que mata.
De que lado estão a maioria das Igrejas evangélicas no Brasil?  Os dados da pesquisa tristemente e vergonhosamente dão uma resposta incontestável. As Igrejas também são culpadas! Por ação ou omissão, são culpadas!
São culpadas quando dos púlpitos ou nos estudos bíblicos são repetidos e reforçados os discursos de inferioridade, subordinação das mulheres ensinando que as mulheres devem ficar caladas. Quando reforçam relações injustas de poder e dominação dos homens sobre as mulheres. Quando a favor da proteção dos “valores da família tradicional” não denunciam os casos de violência e abuso no seio das famílias evangélicas. Quando se negam a ser espaços seguros que favoreçam a denúncia e o cuidado às mulheres das Igrejas vítimas de violências diárias. Quando ignoram e ficam indiferentes aos casos de violências de mulheres ocorridas cotidianamente dentro e no entorno da igreja. Quando não falam sobre isso em seus cultos e reuniões. Quando reproduzem interpretações bíblicas patriarcais que legitimam desigualdades, violências e opressões que alimentam o intento dos homens dominadores e violentos que agridem e matam, considerando mulheres como propriedade. Por essas e outras razões é que ouso dizer que o sangue derramado dos 40% das mulheres evangélicas vítimas de violência será cobrado mais das mãos dos religiosos e igrejas do que de qualquer outro poder ou instância.
Que respostas as Igrejas evangélicas brasileiras darão a essa alarmante realidade denunciada pela pesquisa? Temo que a maioria continuará a não se importar, perguntando: O que tem as Igrejas a ver com isso?

Pra. Odja Barros


quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Matéria do Jornal Gazeta de Alagoas - edição do dia 19 de novembro de 2016

Iniciativa foi de mulheres da própria IBP que se reuniam para ler
FLOR DE MANACÁ: DEZ ANOS DE LEITURA BÍBLICA
Por: DA REDAÇÃO COM ASCOM IBP

No ano de 2006, o grupo Flor de Manacá foi organizado na Igreja Batista do Pinheiro como um grupo de Bíblia e gênero que visava interpretar textos bíblicos a partir de uma perspectiva feminista, inaugurando, assim, naquela igreja, uma nova possibilidade de relação com a Bíblia, marcada por uma metodologia de leitura popular e feminista da Bíblia e pela relação direta com os dilemas enfrentados no cotidiano das pessoas que vivem nessas comunidades.
A iniciativa foi de um grupo de mulheres da própria igreja, que começou a se reunir com o objetivo de ler a Bíblia a partir da perspectiva de gênero. “O grupo surge provocado por duas realidades: a primeira delas é a situação de vida de uma grande parte de mulheres nordestinas que ainda sofrem com o peso cultural do discurso machista e violento perpetuado por parte da cultura nordestina; a outra realidade que provocou o grupo diz respeito à forma como o discurso bíblico e religioso é legitimador dessa cultura machista que foi e continua sendo incorporado pela cultura nordestina. Muitos homens e principalmente mulheres vivem debaixo do jugo das muitas leituras patriarcais, opressoras e violentas, que têm gerado relações injustas, medo, dor e marcas profundas”, afirma a pastora Odja Barros, que conduz o grupo desde a sua criação.
O nome Flor de Manacá foi inspirado na história de uma matriarca da comunidade e sua paixão pelos ‘pés de manacá’. “As flores de manacá nascem lilás, depois ficam rosada e no último ciclo ficam brancas. Mudam de cor de acordo com suas fases de amadurecimento. Essa flor tem muito em comum com essa matriarca da comunidade – irmã Moça como era conhecida, com as mulheres da Bíblia, com as mulheres nordestinas e todas as outras mulheres: resistência, capacidade de sobreviver e reproduzir-se em condições difíceis, mantendo a beleza das cores. Tudo isso traduzido em uma bela floragem de cores branca, rosa e lilás”, reitera a pastora Odja.
O grupo Flor de Manacá, em 2016, completa dez anos de uma leitura bíblica libertadora e transformadora, buscando um caminho de libertação, de cura e de reconstrução que traga vida melhor para mulheres nordestinas através da releitura da Bíblia com o lema: Mulher, Bíblia e Nordeste.


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Mulheres IBP e Grupo Flor de Manacá realizam Culto/Ato e vão para rua em protesto aos alarmantes casos de feminicídio em Alagoas - 31/10/2016

Nossa garganta é um grito! Nem Uma a Menos. Basta!


GRITO
Por Thamara Arruda

Qual a culpa do meu gênero?
Qual a culpa do formato do meu órgão genital?
Que violência é essa na minha mente?
Quem é você que se acha o tal?

Meu seio já não produz leite
Meu seio produz sangue
Meu ventre gera vida
Meu corpo, um perigo constante
Quem é você que me toma por um instante?

Minha garganta é um grito, eu preciso de uma voz
Preciso de liberdade
Não preciso de um algoz
Até quando choros silenciados?
Até quando bocas amordaçadas?

Um olhar agoniado, desesperado
Palavras e atitudes que matam
Ei vocês, me escutem
Me ajudem
Me ouçam

Pelo amor de Deus, pelo amor de Javé, pelo amor de Alá
Me socorram!
Me emprestem seus ouvidos
Me estendam as mãos
Para que eu não seja mais uma, e mais uma
Com o corpo estendido no chão

Minha garganta é um grito.









Culto/Ato em Repúdio à Violência Contra Mulher - 23/10/2016















quarta-feira, 2 de novembro de 2016

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Grupo Flor de Manacá: 10 anos de Mulher, Bíblia e Nordeste

Historicamente as igrejas batistas tiveram organizações femininas que visavam reunir mulheres e trabalhar temas relacionados ao “universo feminino”, mas a lógica e conteúdo dessas organizações sempre foram em sua maioria legitimadora e reprodutora de conceitos e padrões patriarcais e marcada pela reprodução sistemática de conteúdos prontos, sem qualquer articulação com os grandes dilemas sociais, políticos, culturais, e mesmo espirituais que tocam especificamente a vida de mulheres em seus contextos mais específicos.
A Bíblia por sua vez sempre teve valor imensurável e, portanto, sempre esteve presente na prática dessas organizações de mulheres, porém sempre trazida numa lógica e argumento patriarcal reforçando posturas como culpabilização da mulher pelo pecado original, submissão e legitimação da desigualdade entre homens e mulheres. As histórias ou narrativas bíblicas foram sempre usadas para reforçar certo tipo de comportamento e virtudes nas mulheres de cristãs “piedosas” com discursos de subserviência voluntária como virtude cristã.
No ano de 2006, o grupo Flor de Manacá foi organizado na Igreja Batista do Pinheiro como um grupo de Bíblia e gênero que visava interpretar textos bíblicos a partir de uma perspectiva feminista, inaugurando, assim, na Igreja Batista do Pinheiro uma nova possibilidade de relação com a Bíblia, marcada por uma metodologia de leitura popular e feminista da Bíblia e pela relação direta com os dilemas enfrentados no cotidiano das pessoas que vivem nessas comunidades.
A iniciativa foi de um grupo de mulheres da própria igreja, que começou a se reunir com o objetivo de ler a Bíblia a partir da perspectiva de gênero. O grupo surge provocado por duas realidades: a primeira delas é a situação de vida de uma grande parte de mulheres nordestinas que ainda sofrem com o peso cultural do discurso machista e violento perpetuado por parte da cultura nordestina; a outra realidade que provocou o grupo diz respeito à forma como o discurso bíblico e religioso é legitimador dessa cultura machista que foi e continua sendo incorporado pela cultura nordestina. Muitos homens e principalmente mulheres vivem debaixo do jugo das muitas leituras patriarcais, opressoras e violentas, que têm gerado relações injustas, medo, dor e marcas profundas.
O nome flor de manacá foi inspirado na história de uma matriarca da comunidade e sua paixão pelos “ pés de manacá”, arbustos que dão flores mutáveis. As flores de manacá nascem lilás, depois ficam rosada e no último ciclo ficam brancas. Mudam de cor de acordo com suas fases de amadurecimento “A flor de manacá tem muito em comum com essa matriarca da comunidade (irmã Moça como era conhecida), com as mulheres da Bíblia, com as mulheres nordestinas e com todas as mulheres: “resistência, capacidade de sobreviver e reproduzir-se em condições difíceis, mantendo a beleza das cores. Tudo isso traduzido em uma bela floragem de cores branca, rosa e lilás. ”  O grupo Flor de Manacá em 2016 completa 10 anos de uma leitura bíblica libertadora e transformadora.  Com o lema: Mulher, Bíblia e Nordeste, o Grupo Flor de Manacá busca caminho de libertação, de cura e de reconstrução que traga vida melhor para mulheres nordestinas através da releitura da Bíblia”.

Pra. Odja Barros